O QUE COMEMOS DE MELHOR EM PARIS III PARTE
Les Éditeurs
Recomendado por uns amigos nossos de Paris que já lá estavam à nossa espera numa mesa ao pé da janela. Amigos esses que costumam lá ir muitas vezes e por isso guiaram-nos pelo caminho certo ao encontro do que realmente valia a pena.
A pena estava mesmo só na galinha que pôs o ovo que estrelava em cima do meu Croque Madame. A Francesinha é inspirada nele e eu apercebi-me que prefiro o original. Porque o pão por baixo do fiambre de ótima (mesmo ótima) qualidade estava crocante. Porque o gruyère estava derretido, dourado e era o suficiente. Com pontas estaladiças do queijo por cima das já estaladiças pontas do pão. E com um ovo estrelado cuja gema, ainda líquida, escorria por todas aquelas bolhas de gruyère gratinado. Como feminista que sou, irei sempre pedir Croque Madame. Nunca Croque Monsieur, o ovo faz falta e mulheres no poder também.
Vieiras e lentilhas: Uma coisa que não sabia era que os franceses são loucos por lentilhas, com frango; com borrego; até com vieiras.
As lentilhas cozinhadas num caldo aveludado muito aromático. As vieiras grelhadas muito rapidamente e levemente temperadas. Uma emulsão de uma espécie de copita, trazia sal, a carne que funciona tão bem com as vieiras—Era o “ je ne sais quoi”do prato.
Tarte Tatin: À frente de “Tarte Tatin” vinha “Caramel au Beurre Salé”. E se há três palavras francesas que postas por ordem me põem feliz são estas. E ditas por um empregado de guardanapo branco no braço, bigode pontiagudo e laço preto ao pescoço até dá outro gosto. Por acaso não foi o caso. Mas eu olhei e ouvi a empregada de mesa mal encarada e apressada, como se fosse o Jean Pierre que nos atende todas as sextas quando lá vamos jantar vindas da Ópera.
Nota-se muito que passei esta viagem a imaginar que lá vivia?
Deixando-me de delírios, e voltando à realidade que podia facilmente ser confundida com um sonho. A tarte em si não era extraordinária. Agora o gelado de baunilha que vinha ao lado, com as sementes da vagem que me deixam sempre uma paz interior quando as vejo principalmente num gelado. Aquele caramelo extra, salgado como prometido. Desculpem manas Tatin, mas o que acompanhava a tarte foi o que a fez ser comida.
Crème brûlée: Digo, com toda a certeza que foi o melhor que já comi. É difícil conseguir o ponto de cozedura, todo uniforme. Há quem confunda Crème Brûlée com pudim! Só porque todos os que comeu eram feitos por medricas, que tinham medo que talhassem se os cozessem por mais tempo. Quem fez este era destemido e ensinado por um francês audaz. Quem o finalizou não tinha medo do fogo, imagino a chama com que aquilo levou. Não encontrei um grão de açúcar sem estar devidamente derretido e queimado. O nosso amigo francês já me tinha visado sobre esta situação – não se olha para o prato das pessoas, mas… – comeu-a como se fosse sopinha.
Com o café, vêm macarons e sablés, e pacotes de açúcar, caso tudo isto não seja suficientemente doce.
Les Éditeurs;
4 Carrefour de l'Odéon, 75006 Paris