HOT CROSS BUNS
São muito associados à época Vitoriana mas na verdade eles já cá andavam na época medieval. Comiam-se tradicionalmente na sexta-feira Santa para quebrar o Jejum. Até se podem chamar Good Friday Buns.
Todos têm cruzes, sejam feitas de recortes de massa, de uma mistura de farinha e água, de cobertura de açúcar ou só cruzados com a lâmina da faca. A principal razão porque se começou a fazer isto na época medieval, era para que todos os espíritos do mal fossem mandados embora, para que o pão se mantivesse bom por mais tempo. Fazia-se isto para os abençoar, para que durassem mais tempo sem bolor. Havia quem pusesse um em destaque na cozinha para que todos os cozinhados corressem bem.
A Catedral de St. Albans, o local de culto cristão mais antigo da Grã-Bretanha, diz que a receita original de Hot Cross Buns lhes pertence. Eu fui à procura de provas:
Em 1391, Thomas Rockcliffe, o Monge do refeitório da Abadia de St. Albans fez uns pequenos bolos doces com muitas especiarias e uma cruz no topo. Fê-los para que se oferecessem aos pobres na sexta-feira Santa, mas não foi só caridade: Eram tempos complicados e a população local não tinha boa relação com a Abadia. Foi uma tentativa de aproximação, para mostrar que os monges eram boas pessoas. Uma excelente ideia, eu cá fazia as pazes com qualquer pessoa que me oferecesse Cross Buns.
Acho que não há no mundo uns pãezinhos mais históricos que estes Hot Cross Buns. No ínicio só se chamavam Cross Buns, mas as senhoras que os vendiam na rua gritavam a mítica frase: “one a penny, two a penny, Hot Cross Buns!!”. Calma, elas não eram tão ingénuas no negócio como se possa pensar, vendia-se um pão grande ao mesmo preço que dois pequenos.
São tão bons de comer e eu gosto tanto de os fazer, principalmente depois de saber estas histórias todas. Trazer história e a Grã Bretanha para a minha cozinha. Abençoá-los cada vez que vão levedar. Desenhar a cruz, não só pela beleza.