O QUE COMEMOS DE MELHOR EM PARIS- II Parte
O que comemos de melhor em Paris- II Parte
Ladurée
Até me mudava para Paris mas desde que fosse para um apartamento em cima da Ladurée.
Só isso me garantia que:
Ia ser uma zona chique e bem frequentada. Porque quem vai à Ladurée, fora os turistas pobretanas, são normalmente pessoas bem. Não necessariamente de bem, mas bem.
Ia ter macarons fresquíssimos a toda a hora. Que as manhãs iam ter para todo o sempre a classe que aqueles macarons conferem à mais banal mesa de pequeno-almoço.
Tudo ali era bonito. Comestível ou não, tudo era magnífico. As cores em harmonia com os empregados, que eram simpáticos, eficientes e acima de tudo respeitosos. Os pormenores das montras, das estantes, do saco, até do guardanapo.
É verdade que todo aquele cenário ajuda a que os bolos sejam ainda melhores, e eles sabem disso muito bem. Mas como é Paris e, de facto, o que eu lá comi, não como em mais lado nenhum, ignora-se o possível marketing.
Palmier: Um aspeto douradíssimo mais para o castanho. Firme mas estaladiço, dava para comer lasca a lasca, coisa que eu fiz só para o fazer durar. Doce, caramelizado mas sem colar nos dentes. Lindíssimo, quase simétrico. Tinha a ideia de lhe tirar uma fotografia, mas quando o vi com aquela cor, aquele brilho, tive de o trincar. E depois apercebi-me de que era demasiado bom para conseguir parar antes de chegar a metade, altura em que tinha prometido a mim mesma tirar a dita fotografia. Só me lembrei disso, já ia na metade da metade e depois era ridículo pôr aqui uma nesga de palmier.
Para quem acha que um palmier é aquela coisa que se dá ao puto de seis anos para calar a gritaria antes de o levar ao pediatra, está muito enganado. Esses são os vulgares palmierrrres- os portugueses. Este de que vos falei é um “palmiê”, têm que levantar a mão dobrá-la para fora enquanto falam, senão não fica com a pronúncia certa.
Pessoas com bom coração são pessoas que comeram muitos e bons palmiers na vida e ficaram com o órgão vital bom – em forma de palmier.
Mil folhas de caramelo: Não as contei, mas ia jurar que estavam ali mil folhas. E os franceses sabem tão bem fazer massa folhada, principalmente os que habitam na cozinha da Ladurée.
Tinha dois cremes, um mais espumoso e leve e outro mais cremoso e forte. O que tinha caramelo servia de alerta para os habituados ao creme de ovos de um mil folhas normal. Era um mil folhas mais rico, como tudo naquela avenida. Tinha também caramelo propriamente dito para nem sequer pensarmos que nos tinham dado o mil folhas errado. O que mais se destacava eram mesmo as folhas: Nada amolecidas pelos cremes, tenho a certeza de que tinha sido feito naquele dia, mas mesmo assim é incrível a textura que se manteve.
La vie é doce, na Ladurée.
Ladurée Paris Royale:
18, Rue Royale, 75008 Paris